segunda-feira, 23 de junho de 2008

Wittgenstein

A menos que você procure, talvez jamais ouça ou leia, fora do círculo acadêmico, sobre um filósofo chamado Wittgenstein. Acho que foi por volta dos 18 anos que li algo escrito por ele. As Investigações filosóficas (sua segunda obra-prima; a primeira foi o Tractatus Logico-philosophicus). Não entendi nada. Um texto com anotações sobre filosofia da linguagem. Na ocasião, por não conseguir decifrá-lo, estava a ponto de desistir. Ocorre que, antes, eu tinha lido sobre sua vida. E se você ler sobre a vida de Wittgenstein, não vai deixar de querer conhecer sobre suas idéias também. Mas então você depara com um pensamento pra lá de complexo. Ainda assim, se você persiste e consegue vislumbrar, nem que seja minimamente, por onde caminham suas idéias, é pouco provável que não se deixe envolver. Wittgenstein foi, muito provavelmente (há quem diga que não), o maior pensador do séc. XX. De qualquer modo, um dos maiores. Foi o únco pensador que conseguiu me persuadir de que escrevia, observava ou assinalava coisas que eram realmente significativas. Também foi um dos poucos, na minha opinião, de quem emanava sinceridade, tanto moral quanto intelectual.

Wittgenstein tinha isto que Paul Tillich chamava de "coragem de ser". Na véspera de sua morte, depois de longa batalha contra um câncer, a mulher do médico que o acompanhava lhe disse que alguns de seus alunos de Cambridge viriam visitá-lo no dia seguinte. Então ele disse, antes de perder a consciência: "Diga-lhes que tive uma vida maravilhosa."

Há uma excelente biografia de Wittgenstein em português e que também serve como introdução elementar a seu pensamento: O dever do gênio, de Ray Monk. Existe ainda um livrinho muito acessível e que aborda um aspecto das idéias wittgensteinianas: Wittgenstein: sobre a natureza humana, de P. M. S. Hacker.